Foi em 1893 que partiu de Carcavelos o cabo para os Açores, tendo a Ilha do Faial feito parte da primeira geração das redes de telegrafia submarina. A rede telegráfica submarina viria a melhorar a situação de isolamento do arquipélago, incrementando as comunicações com o continente, Europa e restantes países do mundo.
A presença de cabos submarinos nos Açores foi fundamental para ultrapassar as limitações da tecnologia daquele tempo que não permitia transportar informação de ponta a ponta, obrigando as empresas à paragem a meio, exigindo, assim, a presença de pontos de retransmissão.
A posição geográfica do Faial encontrava-se exatamente nesse caminho, no meio do Atlântico. A configuração da ilha era bastante favorável para a amarração dos cabos, constituindo um forte motivo para a instalação de uma estação de cabos que permitisse o desenvolvimento da capacidade de dar resposta às necessidades crescentes do tráfego.
A vontade dos portugueses de se impor neste setor em expansão e de se integrar numa rede mundial que evoluía diariamente, era evidente e foi neste contexto, que permitiram a instalação de algumas companhias estrangeiras no Faial, tais como, a Europe & Azores Telegraph Company (britânica), a Deutsch Atlantische Telegraphengesellschaft (alemã) e a Commercial Cable Company ( norte-americana).
Estas companhias traziam os seus funcionários e as suas famílias. Uma boa parte das crianças faialenses, ainda em idade escolar, vivenciavam todo aquele movimento dos estrangeiros à volta dos cabos, e o rodopio das famílias que falavam inglês com os locais. Com olhos postos no futuro, os jovens ambicionavam ser cabografistas, um trabalho prestigiado e bem pago.
Os mais de 70 anos de convívio (1893 a 1970), deixaram marcas na população faialense, na arquitetura e tecnologia da cidade, e, podemos mesmo dizer, que apesar da invisibilidade dos cabos submarinos, esta tecnologia teve um forte impacto económico.
A Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta e o Grupo dos Amigos da Horta dos Cabos submarinos guardam memórias inesquecíveis e relatos pormenorizados desta época tão relevante no desenvolvimento da cidade.
O grandioso edifício Trinity House, acolheu aquelas três companhias, que a toda a hora testavam tecnologias e novos equipamentos.
Decorridos mais de 50 anos, está agora em curso o “ambicioso” projeto da criação do museu do cabo submarino nessas mesmas instalações, a antiga estação de cabos submarinos.
Foi esta, em parte, a experiência vivida pelo Professor Henrique Melo Barreiros que no seu testemunho evidencia a importância do Faial para o desenvolvimento das comunicações.
Mais informações sobre cabos submarinos em Portugal:
FPC – Catálogo digital
A travessia do oceano Atlântico pelos cabos submarinos
Novo cabo submarino com amarração em Portugal
A memória, a história e o património do cabo submarino