buindo-se ao «novo elemento» uma deformação ofensiva e des-
proporcionada que abre as portas do mundo da arte a esse objecto
mundano e real.
Verifica-se ainda contemporaneamente à pop art outras formas de
exaltaçãoartística comoo
happening
(
cruzamentoentreaperformance
e a exposição de arte, com uma boa dose de esoterismo e surrealis-
mo narrativo) e a
nouvelle vague
cinematográfica.
Na pop art, os protagonistas não são somente os criadores e as suas
obras (como na maior parte das outras correntes artísticas), aqui se
exclui o efeito representativo para dar lugar ao real,sendo que umdos
aspectosmais importantes é a descontextualização do objecto do seu
meio natural e a sua recolocação no mundo da arte. Assim temos o
aparecimento de um novo protagonista, o objecto!
Diversos são os objectos que podemos ver retratados na pop art,com
particular incidêncianas categorias daalimentação e dos automóveis,
pelo facto de estes objectos daremmuita informação sobre a cultu-
ra de uma sociedade. A pop retrata na maior parte das vezes coisas
simples como um hamburger, uma lata de conserva, bolos, cartona-
gens deprodutos alimentares deproduçãomassiva (ede consumo rápi-
do) presente nos supermercados; automóveis como factor de com-
petição social, símbolos de coesão nacional (bandeiras, mitos, per-
sonalidades),protagonistas da televisão e do cinema,etc.Tudo serve
para readaptar grosseiramente as formas ao seu novo meio. A pop
investiga e reproduz nas áreas de gosto popular e do
kitsch
,
normal-
mente considerados fora dos limites da arte como até então foi con-
cebida, rejeitando os atributos associados à arte como uma expres-
são da personalidade.
Artistas comoWarhol eRobert Raushenberg tinhamespecial predilecção
pelos novos ícones da sociedade americana e pelos objectos de con-
sumo, os quais truncavam e repetiam quase até à exaustão (como a
vida); Jasper Jonhs e Robert Indiana conferiam nas suas obras uma
dignidade artística a imagens banais e habituais como letras e núme-
ros,associando as características significantes à capacidade de cata-
lisar atenções, por efeito de uma grande profusão cromática e de
uma composição de aspectos visuais e verbais simultâneos.
É neste contexto artístico que surgem obras onde se procura sobre-
tudo realçar a técnica emdetrimento do conteúdo.Autilização de pro-
cessos até então ligados à impressão de massas como o
offset
,
a
serigrafia ou a chapa de zinco,foramprofusamente utilizados por um
Roy Lichtenstein,defensor doantipictorismo exagerado e que utilizava
novas técnicas de sombreado como os pontos de Benday (que retirara
da observação da trama nas bandas desenhadas, jornais e revistas),
ou ainda dos contornos excessivos das imagens que de certa forma
promoviam a exclusão de linhas de força.
Um dos artistas que melhor apresenta a realidade de todos os dias
de uma forma grotesca e desproporcionada é Claes Oldenberg. Uti-
lizandomateriais como plástico,papel, tecido e rede,ele cria umnovo
ambiente urbano (como crítica ao ambiente real) com
assemblages
e
esculturas de uma textura fofa, que permite alterações ainda mais
profundas ao objectivo principal do objecto.
Um outro aspecto que esteve na base da concepção deste movi-
mento artístico foi a música, principalmente os intérpretes e a força
com que consolidaram a sua expressividade no
mainstream
,
dando
umnovo fôlego à ambição e servindo demodelo às novas tendências.
O panorama social que permite a evolução da pop tem,nas camadas
mais jovens da população, efeito imediato, seja pela necessidade de
independência familiar ou como catalisador dasmensagens da comu-
nicaçãodemassas.O sentidode revoltaeaagressão semprepresentes
nas obras pop,faz optimizar a relaçãodestaarte coma linguagem juve-
nil dos anos 50 e 60, que, como se sabe, promoveu definitivamente
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