Página 66 - Códice nº5, ano 2008

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emPortugal. Ambas envolveramo desenvolvimento do inventário ini-
cial ea investigaçãodocumental.Nãoobstanteodesenvolvimento iné-
dito do sector das telecomunicações nos finais do século XX e início do
século XXI,a Fundação Portuguesa das Comunicações conseguiu sal-
vaguardar, conservar e restaurar umacervo que em termos de quan-
tidade e de qualidade estará entre osmais ricos e variados anível mun-
dial.
De facto,oMuseu enquanto órgão da empresa CTT passou por orien-
tações museológicas associadas à política organizacional do Esta-
do;depois,comoempresapública,as políticasmuseológicas começaram
a ficar dependentes das administrações; finalmente, a separação
em correios e telecomunicações, a privatização das empresas e a
separação e passagemda actividade fiscalizadora e reguladora para
a esfera do Estado, ditaram alterações políticas que se repercutiram
na gestão e orientação das actividades do museu, nomeadamente
na incorporação do património, que foi decidida mais a partir das
políticas empresariais do que em decisões integradas de gestão
museológica.
O património de telecomunicações tem, pois, uma história que foi
influenciada pelas tutelas dos regimes e políticas culturais,bemassim
comopelos estilos degestãoempresariais.Apassagemdagestãopatri-
monial e cultural para uma fundação veio implementar uma visão
mais concertada no panorama da ciência, técnica, sociedade, cultu-
ra e sociedade.
A história das políticas museológicas e das práticas subsequentes
pode/deve, em nosso entender, ser aprofundada nomeadamente
emrelaçãoàs incorporações,salvaguarda,conservação,informatização,
arquivo e exposições, não só para conhecimento do património, bem
como ferramentaauxiliar das administrações,gestãopertinente e eco-
nómica das colecções e dos recursos.
como instalações armazéns na zona norte do País, nomeadamente
emMarco de Canaveses, entre outros locais. O GRRMIM teve o méri-
to de reunir, conservar e tratar cerca de 1200 peças e componentes,
algumas restauradas por este grupo que funcionava na influência da
Direcção Geral de Telecomunicações. O «Grupo do Norte», ao que
tudo parece indicar, não teve nome oficial próprio. Funcionava mais
na lógica dos CTT, empresa vista como um todo, de correios e teleco-
municações.
Ainda nos anos 90 e inícios de 2000, deram entrada no património
museológico outros acervos provenientes doMuseu dos TLP,Museu da
TDPearmazénsCTT,TPePT.Estepatrimónio foi objectodepré-selecção,
conservação técnica e restauro. O tratamento do inventário preliminar
só acabou de ser feito emDezembro de 2006,sendo para isso adopta-
dos documentos orientadores (Anciães: 2004; FPC e FPT: 2006).
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Oacervoprovenientedas várias empresas edepósitos edo Estado (ANA-
COM) teve de ser instalado em espaços exíguos, o que levantou difi-
culdades de armazenamento e tratamento. A entrada de tanto acer-
vo para o espaço disponível na ReservaVisconde de Santarém, n
o
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que jános inícios dos anos 90 se consideravapraticamente lotado,tor-
nou difícil a sua gestão, tanto do acervo entrado de novo, como do
anterior. As dificuldades foram acrescidas, dado que nesta época de
90
os recursos humanos do património museológico de telecomuni-
cações foram reduzidos ao mínimo, ao mesmo tempo que a quanti-
dade do acervo disparou de forma inédita.
A política de contenção de recursos coincidiu com a expansão de
outras actividades: criação e instalação da Fundação Portuguesa
das Comunicações,reabertura domuseu,planeamento,organização
e concretização de duas exposições permanentes e duas temporárias:
uma sobre o centenário da inauguração dos telefones entre Lisboa
e Porto e outra sobre os 150anos da introdução da telegrafia eléctrica