62
Desenvolvimento de uma imagem
Uma nova ordem de serviço emitida pelo Conselho de Administração
de 21 de Julho de 1988 incluiu o museu numa outra direcção: o Gabi-
nete de Imageme Acção Cultural Institucional do Conselho de Admi-
nistração (CTT: 1988)
19
.
Reportando-nos ainda à ordemde serviço de
21
de Julho de 1988 na alínea c), o n
o
5
define para o GIACICA, onde se
enquadrava omuseu,as seguintes funções:«Elaborar umprograma
de acções tendentes a uma boa aceitação pública das valências das
Empresas, nomeadamente do seu património histórico-cultural»
(
CTT: 1988)
20
.
A alteração que consideramos mais evidente em termos legislativos
para o recuo no projecto de«mercantilização»é a que resulta da alí-
nea d) domesmo número e que se refere a:«Reintrepretar em termos
de MKT [
Marketing
]
social os planos estratégicos [...]». Repare-se
que o termo social não entra na anterior organização da Direcção de
MarketingedoPatrimónioCultural doConselhodeAdministração,antes
porém se referia ao «êxito dos negócios» e à «satisfação dos clien-
tes». E no que respeita às funções específicas do GIACICA, a alínea
c) don
o
6
reforçavao conceitode função social,referindo-se a:«Imple-
mentar progressivamente a função da contribuição social nos CTT e
TLP,como quartomeio de comunicação social ao serviço da gestão glo-
bal das empresas e das estratégias específicas dos produtos» (CTT:
1988)
21
.
O papel do Estado, a concorrência no sector
das comunicações e a ideia da criação de uma
fundação
Em 1989, o administrador Dr. Ferreira de Lemos pronunciou-se no
sentido dos patrimónios museológicos virem a constituir-se em fun-
dação:«Uma entidade autónoma tipo fundação comparticipada por
damente de um corpo de cerca de 60 pessoas e uma oficina de con-
servação e restauro, de modo que a criação de uma segunda equipa
para tratar do património denotou umamudança táctica na política
empresarial e, por arrastamento, na política museológica.
Em1992,deu-se a separação entre Correios eTelecomunicações,e com
esta separação começou o processo de privatização e de reestrutu-
rações sucessivas que vierama ter consequências na políticamuseo-
lógica.
Tendência para a «mercantilização» do museu
Atente-se na seguinte citação:«Justifica-se amplamente o facto de
se ter associado a função
Marketing
àárea do Património Cultural das
Empresas, pois que, através dela e muito particularmente do Museu
dos Correios e das Telecomunicações, sairá de certo modo reforçada
a acção envolvente desta actividade» (CTT: 1987)
16
.
Noutro texto de
introduçãoaoplanodeactividades doMuseudos CTT,de 1987 foi abor-
dada a definição e orientação dos museus do seguinte modo: «Os
museus são instituições públicas e existem para benefício público,
quer sejam administrados por instituições públicas ou privadas.
A incorporação, a conservação, a documentação e a pesquisa são
tão importantes para o seu objectivo «público» como a educação e
a promoção. A pressão domercado tende a privilegiar só os aspectos
visíveis, mas ignorar os outros aspectos pode provocar sérios dese-
quilíbrios na função do Museu» (LOPES: 1986)
17
.
Tudoparece indicar nos textos citados quenomuseu foi abordadauma
certa política comercialista da cultura. É o que se infere também da
publicação em ficha de legislação n
o
84-87
em que figura a estrutu-
ra da DMCCA – Direcção de
Marketing
e do Património Cultural do
Conselho de Administração
18
,
que aliava expressamente aDirecção de
Marketing ao Património Cultural e ao Museu dos CTT e TLP.
Edifício do Museu e Fundação Portuguesa das Comunicações.