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“
A administração dos telégrafos portugueses modificou os aparelhos morse de ponta
seca, introduzindo-lhes aperfeiçoamentos concebidos por um hábil inventor português,
M. Herrman.
A descrição deste aparelho aperfeiçoado e as instruções para a regulação são o principal
objecto desta publicação, que tenho a honra de oferecer.
Como a leitura é muito fácil, a taxa de erro é muito reduzida, contrariamente ao que acon-
tecia com os sinais de ponta seca.
Ele funciona sem relé ou pilha local, e o movimento de relojoaria, reduzido à sua maior
simplicidade”
Jose Victorino Damazio participou na gestão do projecto de saneamento, aterro e recon-
versão da zona da Boavista de Lisboa, entre o Cais do Sodré e Santos. O largo com o seu
nome – largo Vitorino Damásio foi uma forma de reconhecimento da Câmara Municipal
de Lisboa, pelos seus feitos. Nomeado director-geral dos Telégrafos do Reino, em 1864,
ano em que se realizou uma profunda reforma, nomeadamente na constituição de um corpo
civil no funcionalismo telegráfico. Na primeira Convenção Telegráfica Internacional de
Paris, em 1865, expôs o trabalho intitulado - Description
de l’appareil morse modifié
et des bureaux télégraphiques système Herrmann adoptés par l’administration
portugaise,
editado em Paris pela Imprimerie Simon Raçon et Compagnie, 1865.
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Cristiano Augusto Bramão, natural de Elvas (1840-1881). Funcionário exemplar como
telegrafista, chefe das principais estações telegráficas do país, Lisboa, Coimbra, Setúbal
e Elvas e chefe na repartição técnica e do material. Foi inovador tanto na telegrafia como
na telefonia.
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Na época precursora da telefonia, isto é, depois da invenção dos telefones, mas antes de
criadas as estruturas dedicadas à telefonia, algumas experiências e também algumas
comunicações regulares foram estabelecidas sobre o equipamento de transmissão dedi-
cado à telegrafia.
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António dos Santos foi aluno e colaborador da Casa Pia de Lisboa no alvor do século XX.
Posteriormente ingressou nos Correios e Telégrafos onde foi 3º oficial. Se, na Casa Pia,
demonstrou apetência pela descoberta e inovação, nos CTT, tudo indica que terá contri-
buído em equipa com os seus estudos para a inovação dos novos reguladores dos telé-
grafos Hughes e Baudot.
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D. Maria II (1819-1853) reinou num período especialmente conturbado de lutas civis,
em que se transitou do Antigo Regime para o Liberalismo Constitucional. Com a evolu-
ção da situação política, a rainha passou a exercer um poder moderno e diferente – o poder
moderador que a Carta Constitucional lhe conferiu. A rainha foi perspicaz na gestão polí-
tica dos homens fortes e carismáticos da época, tais como: Passos Manuel, Costa Cabral
e Saldanha. Conseguiu ultrapassar com perícia os períodos de instabilidade da Revolu-
ção de Setembro, a Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte e a Belenzada. Após um certo
cansaço da instabilidade que vem desde a primeira década do século XIX e com o Acto
Adicional à Carta Constitucional, o país entra numa fase de prosperidade, em especial no
sector dos transportes e comunicações com o conhecido período regenerador.
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D. Fernando II (1816-188) príncipe de Saxe Coburgo-Gotha, por ter nascido em Cobur-
go, Alemanha. Casou em 1836 com a rainha D. Maria II. Nunca foi ambicioso pelo poder,
nem pela política, mas teve um papel relevante. Desenhava, gravava, pintava e cantava.
Foi ele quem concebeu e mandou construir o belíssimo Palácio - Castelo da Pena em Sin-
tra ao estilo romântico da época. Assumiu a regência durante dois anos, após a morte da
rainha e enquanto o seu primogénito não atingiu a maioridade. Teve um papel modera-
dor no Governo do Reino e educador na corte, nomeadamente nos futuros reis D. Pedro
V e D. Luís I, que imprimiram uma marca indelével na época da regeneração económi-
ca e política da Nação, incluindo a introdução e desenvolvimento das telecomunicações
eléctricas.
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Guilhermino Augusto de Barros. conselheiro e director-Geral dos Correios, Telégrafos e
Faróis de 1887 a 1893. Os seus relatórios com retrospectivas sobre os serviços continuam
como fontes essenciais para a História dos Correios e Telecomunicações. O conselheiro
representou Portugal em vários congressos internacionais: Viena 1891; Paris, 1887; Lis-
boa, 1885. Criou o Museu Postal Português e a Biblioteca, em 1878.
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Maximiliano Augusto Herrmann, nascido e residente em Lisboa onde exerceu a profis-
são de «hábil engenheiro» como foi mencionado pela comunidade científica francesa. Um
dos mais prolixos construtores de aparelhos de precisão então utilizados na telegrafia eléc-
trica, oficinas e laboratórios. Foi inspector das linhas dos Caminhos-de-Ferro Portugue-
ses de Norte e de Leste. Esteve estabelecido na Calçada do Lavra e na Rua de S. José, em
Lisboa. Aluno e formador no Instituto Politécnico de Lisboa. As últimas quatro décadas
do século XIX têm a sua marca em diversos aparelhos eléctricos e mecânicos por si cons-
truídos e vários foram os inovados.
N O T A S