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ção de informação sobre os recursos do território.
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Deste esforço
resultou a elaboração de várias «Memorias»,comconteúdos e níveis
de informação diversos, mas que se constituem como fontes impor-
tantíssimas para o conhecimento do País na viragem do século XVIII
para o XIX. Não se conhece nenhuma
memória
sobre Correios,mas a
melhoria de funcionamento destes constituía uma preocupação sen-
tida ao tempo, de forma particular por intelectuais como D. Rodrigo
de Sousa Coutinho que considerava «ridículo» o facto de Portugal
«
ser o único Estado em que o correio público era o património de um
particular».
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Mudanças profundas na estrutura dos correios implicavam, assim,
a sua incorporação na Coroa, facto que viria a ocorrer em 1797 quan-
do D. Maria I extinguiu o ofício de correio-mor e atribuiu ao secretá-
riode EstadodaRepartiçãodosNegócios Estrangeiros a«Administração
das Postas,Correios,eDiligencias de terra emar».Aesta iniciativapolí-
tica seguiu-se a publicação de vários diplomas que definiram o qua-
dro legal para a estruturação dos novos serviços de comunicações
postais destinados ao transporte de cartas, dinheiro, encomendas e
passageiros (mala-posta).
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De uma análise desses documentos con-
clui-se terem sido as novas estruturas organizativas concebidas em
face de critérios emergentes numa sociedade inspirada por modelos
políticos racionalistas que tentavamdemarcar-se das instituições de
Antigo Regime.
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Os serviços de correio passarama ser dirigidos por um
superintendente-geral, com experiência na área dos transportes,
o desembargador José DiogoMascarenhas Neto,passando,em 1805,
a tutela dos serviços postais para o secretário de Estado dos Negó-
cios Estrangeiros e da Guerra, António de Araújo de Azevedo, que
acumulou este cargo com o de inspector dos correios.
A melhoria dos serviços traduziu-se no aumento das rotas postais
e na periodicidade dos respectivos giros, passando a existir dois cor-
reios por semana em todas as «Praças de Armas» e em todas as ci-
dades e vilas principais e três entre Lisboa e Porto. Para além destas
carreiras regulares,foramcriadas outras extraordinárias,emzonas do
País de circulação de correspondênciamais intensa,como das termas
de Caldas da Rainha. A periodicidade dos giros postais viria a aumen-
tar no contexto das Invasões Francesas. Em 1811, os correios partiam
de Lisboa todas as semanas,às segundas,quartas e sextas,emdirec-
çãoao Porto (comramais paraCasteloBranco eAlmeida) e a Elvas (com
ramal de Montemor a Vila Real de Santo António).
Aqualidade dos serviços prestados é atestadapor umestrangeiro,Carl
Ruders, que, em 1801, emitiu a seguinte opinião: «Suponho que o
governoportuguês tiragrande proveito comos serviços do correio,mas
é merecido porque, na verdade, são muito bem feitos. No interior do
País não só se podemenviar cédulas pelo correio,mas até caixas com
dinheiroe jóias;bastapara,isso,antes da remessa fazer contar odinhei-
ro e as jóias, pelos respectivos funcionários».
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Por sua vez, o historiador José Subtil declara, com base numa avalia-
ção da nova gestão dos correios no período que decorre entre 1799 e
1819,
que «o rendimento dos Correios mais que triplicou, permitindo
investimento nos transportes e recursos humanos com efeitos no
aumento da velocidade».
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Amelhoria das receitas do correio decor-
reu do acréscimo de circulação de missivas e do aumento dos portes,
que foram definidos pelo aviso de 14 de Março de 1801 em função da
distância, para o que foram estabelecidas cinco zonas postais.
De notar, no entanto, que coma incorporação do correio na Coroa os
custos do transportedo correionãopassarama ser suportados na ínte-
gra pelo Estado. As despesas de alguns giros estavama cargo dos cor-
reios assistentes e das câmaras, como se pode observar num mapa
das comunicações postais,datado de 1818. Nesta carta,os percursos
dos estafetas que eramcusteados pela Administração-Geral dos Cor-
Localização dos correios referidos no «Portugal Sacro-profano», 1758.