gadores ounãopagamentodedívidas deempréstimoaentidades ban-
cárias, entre outros.
A informação actual não temque ver,verdadeiramente,com troca de
informações entre sociedades. Ela impõe, embora de modo subtil, a
hegemonia da ideologia das
élites
,
a vontade dosmais fortes,faz-nos
convencer de que há algumas semelhanças neste nossomundo hete-
rogéneo.
É através da informaçãoqueas
élites
mantêmumpulso firmenos negó-
cios. São elas que estabelecem regras para a competitividade e con-
corrênciaentre si e,vendema imagemdeummundo saudável,eficiente
e bonito.Aalta tecnologia,cujo objectivo primeiro deveria ser o de con-
tribuir para a felicidade colectiva está,na realidade,a excluir amaio-
ria dos indivíduos.
Com esta imagem em mente, de pouco vale propagandear as con-
quistas crescentes da tecnologia. Importa émesmo lançar a questão:
a que e a quem servem as novas tecnologias?
A informação global é amanipulação da informaçãono sentido de ser-
vir aqueles que controlam a economia global, ou seja, de quem dis-
põe demuitos
bits
.
Não nos esqueçamos que controlar significa domi-
nar.Ladoa lado coma exclusão social existe o individualismonarcisista,
ada ideologiadahumanidadede consumo rápido,istoé,apessoades-
cartável,assimfavorecendoa culturado efémero e do transitório,seja,
da moda. Não é errado dizermos que as sociedades do presente são
das mais informadas de todos os tempos. No entanto, também não
é errado afirmar-se que nunca, até agora, a informação foi tão con-
trolada.As informações são-nos lançadas emcatadupa,por vezes repe-
tidamente:as guerras,as fusões entre empresas,os crimes que ocor-
remneste ou naquele ponto do planeta,os danos provocados à natu-
reza por desrespeito aomeio ambiente. E, o que é sério, politicamen-
te falando? Como pensame falam, de facto entre si, os actores prin-
cipais,emolharema sociedade pelo seu valor humano? De quemodo
o(s) político(s) se compromete(m), ou tem (têm) interesse em com-
prometer(em)-se no cumprimentodoprogramaque apresentou(aram)
ao seu eleitorado?
A História tem-nos dado exemplos de que o Homem, ser pensante e
feitor que é, não pode, sob pena de estagnar e de não continuar a
«
descobrir mundos», evoluir na busca do que lhe traga mais como-
didade. A vida é célere e não há tempo a perder. Aliás, o Homem até
se pode perder um pouco de vista a si próprio na sua ciência, mas é
ele,emqualquer circunstância,o centrodo criar,pensar,agir,fazer para
ter, sejam quais forem as consequências da(s) sua(s) criação(ões).
Está-lhe na natureza ser assim. Permitam-nos terminar, contextua-
lizando,e façamos nossas as lendárias palavras de Sócrates
...
não sou
ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo...
81
1
BOURDIEU, Pierre,
O Poder Simbólico
,
p. 15
2
Veja-se o exemplo do metropolitano de Madrid, onde dezenas de cartazes publicitários
nos dão conta da existência de duas mil câmaras de vídeo espalhadas ao longo das dife-
rentes linhas, para nossa protecção, incutindo confiança nos utilizadores.
Nem todos associam essa garantia de segurança a uma invasão na privacidade de cada
passageiro.
3
ALMEIDA, Justino Mendes de,
«
Os Lusíadas», um poema de confluência de cultu-
ras
,
in Colóquio: «Confluência de Culturas», Organizado pelo Centro de Estudos Britâ-
nicos do departamento de Línguas, Literaturas e Tradução em 15 e 16 de Maio: Lisboa;
Universidade Autónoma de Lisboa. p.14.
4
Muito embora, como sempre em quase tudo o que diga respeito à História, não existe uni-
formidade de conceito para um balizar exacto destes quinhentos anos de globalização.
5
FERRO, Marc,
História das Colonizações. Das Conquistas Às independência -
-
Séculos XIII-XX
,
p.24.
N O T A S