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Posteriormente e, em particular, com os inícios da segunda metade
do século XIX, aMala-Posta viria a afirmar-se definitivamente e fun-
cionaria com grande eficácia, até ao seu desaparecimento, em 1871,
quando substituída pelo caminho de ferro,como qual,naturalmente,
não podia vir a concorrer.
De entre um conjunto de razões, todas elas importantes, que terão
contribuído para que esta situação, deve-se salientar a ausência de
estradas capazes no Portugal dos séculos XVIII e XIX. Tratava-se, no
fundo, da inexistência da infra-estrutura imprescindível ao desen-
volvimento de um serviço do tipo do que se queria implementar.
A Rede Viária Portuguesa
Aestrutura viária terrestredos finais do séculoXVIII edaprimeirameta-
de do século XIX constituiu o elementomais condicionador do desen-
volvimento do Serviço daMala-Posta,pelo que se impõe que façamos
uma rápida abordagem à evolução da rede de estradas do país.
Estudos vários realizados ao longodos anos têmapontadoparao facto
de a rede viária portuguesa se ter tornado herdeira das estradas
romanas, utilizando quase sempre, em parte ou mesmo na totali -
dade, estas infra-estruturas viárias construídas nos primeiros sécu-
los da era cristã.
Só,praticamente, como chegar do século XX é que essa situação veio
a ser alterada,frutodoaperfeiçoamento tecnológico registadono sec-
tor das obras públicas,que permitiu respostasmais racionais e eficazes
às exigências colocadas pelo desenvolvimento social e económico do
país.
Do ponto de vistamorfológico,encontramos emPortugal duas regiões
perfeitamente distintas, delimitadas pelo rio Tejo que, nascendo em
Espanha,atravessao território sensivelmenteaomeio,no sentido Leste
/
Oeste para desaguar no Atlântico.
U
m breve relance sobre a História dos Correios permite-nos cons-
tatar que a Mala-Posta constituiu um dos marcos mais signifi-
cativos do longo processo evolutivo dos sistemas de transporte de cor-
respondências.
Durante os primeiros séculos da vida dos Serviços Postais,o transporte
da carta foi assegurado por Correios (assim se designavamos porta-
dores das correspondências) que percorriam longas distâncias a pé ou
a cavalo, para atingir os mais diversos destinos.
Grande parte destes percursos eramefectuados por caminhos e ata-
lhos,ou pelas quase inexistentes estradas,normalmente demuitomá
qualidade, que quase se tornavam intransitáveis com os rigores do
Inverno.
Com o avanço tecnológico registado na Europa, a partir da segunda
metade do século XVII e durante o século XVIII, assistiu-se a uma
melhoria da redes viárias, com a construção de novas estradas ou
com uma profunda recuperação das existentes. Esta situação possi-
bilitou a introdução do Serviço da Mala-Posta que, utilizando pesa-
das e robustas diligências,asseguravao transporte simultâneo de cor-
reio e passageiros.
Porém, emPortugal, contrariamente ao que sucedeu namaior parte
dos países da Europa, não se pode afirmar que tivesse surgido, com
extraordinário êxito, esse serviço de transporte regular de Correio e
passageiros.
Com efeito, a Mala-Posta portuguesa foi introduzida, pela primeira
vez,comumcertoatraso relativamentea esses países,mesmonos últi-
mos anos dos finais do século XVIII.
Nos primeirosmomentos,a nossaMala-Posta passou por vicissitudes
várias, nem sempre fáceis de ultrapassar, que a marcaram profun-
damente,ao ponto de ser interrompida amarcha das diligências nas
estradas do reino durante alguns anos.
A Mala-Posta em Portugal
Fernando Moura
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Licenciado em História Pela U.L. - Quadro Superior da FPC
Diligência da carreira da Mala-Posta Lisboa-Porto, 1855-1864.