Página 23 - Códice nº1, ano 2004

da Rainha e em Leiria, as paragens
erammais demoradas,para a toma-
da de refeições.
Durante o percurso, os cocheiros e os
sotas eram substituídos em determina-
das partes do trajecto. O postilhão era o único
que fazia toda a viagem, cabendo-lhe a responsa-
bilidade de manter a ordem e a segurança do correio.
Como aumento do número de passageiros, teve de se recorrer à aqui-
sição de mais cinco carruagens de doze lugares, construídas na Car-
rosserie du Chemin Vert, em Paris, o que leva a concluir que o serviço
se tornou mais próspero.
Mas a chegada ao Porto continuava a tardar, uma vez que o projec-
to era sucessivamente adiado, por impedimentos de vária ordem,
que não cabe aqui escalpelizar.
No entanto, desde 1857 e àmedida que a estrada ia avançando para
Norte,a carreira ia, também,alargando o seu trajecto,até que,final-
mente,no ano de 1859,atingiria o Alto de Bandeira,em frente à cida-
dedoPorto.De facto,apesar daCarreira sedesignar de LisboaaoPorto,
não era possível às diligências entrarem nesta cidade, uma vez que
não existia uma ponte robusta a unir as duas margens do Douro.
Face às novas alterações do percurso, tornou-se necessário reorga-
nizar o serviço. A viagemcontinuou a fazer-se toda seguida,agora em
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horas, para vencer os cerca de 300 quilómetros. Ao longo do per-
curso havia 23 Estações deMuda,onde se parava apenas para a troca
de animais e refeições.
Uma boa parte das Estações de Muda foram construídas de acordo
com um projecto especificamente encomendado, que tornava estes
edifícios de traça simples,emforma de«U»,muito funcionais,moder-
nos e resistentes. Ainda hoje se podem ver algumas destas Estações
de Muda na antiga estrada Lis-
boa/Porto, que se encontram clas-
sificadas comode interessenacional,
com a designação de Patrimó-
nio Técnico-Industrial.
Entre 1859 e 1864, data em que o comboio chegou ao
Porto,aMala-Posta serviu os passageiros e o Correio comgrande efi-
cácia; as diligências rolavam sobre uma estrada nova e bem cons-
truída, sem nada que ensombrasse a qualidade do serviço.
Mala-Posta Aldeia Galega/Badajoz (1854-63)
O Governo, compreendendo a necessidade de restabelecer a ligação
daMala-Posta entre o nosso país e Espanha, como consequência da
nova ordem económica e social, mandava abrir concurso para adju-
dicação da Carreira Aldeia Galega/Badajoz, em 1852. Tal como acon-
tecera,anteriormente,comoutro concurso,o desinteresse parecia ser
anotadominante:desta vez,apareciaumaúnicaproposta,da empre-
sa «Artur Scott & C
a
.»,
de Paris. As condições colocadas por esta
empresa foramconsideradas inaceitáveis peloGoverno,oque conduziu
à anulação de todo o processo.
Porém,emMaiode 1853,surgiaumaoutraproposta subscritapeloMes-
tre de Posta francês Jean Baptiste Elluin,em representação da empre-
sa «Société des Postes Portugaises et Messagerires Portugaises-
Espagnoles».Depois de longas conversações,a exploração da carreira
foi acordada e, em Janeiro de 1854, anunciava-se a chegada a Bada-
joz do senhor Elluin, com viaturas, cavalos e material diverso, para
pôr emmarcha a Mala-Posta.
No dia 1˚ de Abril, teve lugar a inauguração da carreira,depois de feita
a instalação das Estações de Muda e de todos os preparativos para
umbom funcionamento do Serviço. A duração da viagemdevia ser de
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