Página 22 - Códice nº1, ano 2004

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sistema de transporte de correio e passageiros, estabelecendo-se
as carreiras Lisboa/Porto,Aldeia Galega/Badajoz e Porto/Braga/Gui-
marães.
Carreira Lisboa/Porto (1855-64)
De entre todas as carreiras da Mala-Posta esta foi, sem dúvida, a
que tevemelhores resultados,estando na sua base o facto de unir os
pólosmais importantes da economia do país,que começavama sofrer
os efeitos benéficos da Revolução Indústrial.
Perante a abertura de umconcurso que não encontrou qualquer pro-
posta válida para o reatamento da Mala-Posta, o Estado encarre-
gou-se da exploração da carreira. No entanto, tornava-se funda-
mental realizar obras profundas naantigaestradadeD.Maria,nomea-
damente, com a sua repavimentação «macadamizada» e alteran-
do e corrigindo parte do traçado.
Coma conclusão dos trabalhos de reconstrução do primeiro troço da
estrada (até Coimbra),logo se procedeu à inauguração da novaMala-
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Posta, emMaio de 1855, entre o Carregado e a cidade do Mondego.
O correio e os passageiros passavama sair de barco de Lisboa, subin-
do o Tejo até ao Carregado, onde tomavam a diligência, com destino
a Coimbra.Porém,no ano seguinte (1856) coma inauguração do cami-
nho de ferro, o barco viria a ser substituído pelo comboio neste per-
curso inicial.
Os cerca de 180 quilómetros eram percorridos de uma só vez, com
uma extraordinária velocidade, demorando a viagem aproximada-
mente 23 horas.
As diligências, construídas em Inglaterra, tinham sete lugares, qua-
tro no interior (1˚ classe) e três no exterior (2˚ classe). Ao longo do per-
curso, encontravam-se catorze Estações de Muda, o que permitia
uma rápida troca de cavalos (mais oumenos 10minutos). Nas Caldas
cipitada da Corte portuguesa para o Brasil, nos primeiros anos do
século, na sequência das Invasões Francesas; o ambiente de turbu-
lência que culminou coma Revolução Liberal de 1820 e,finalmente,as
lutas fratricidas entre liberais e absolutistas que praticamente che-
garam a meados do século, não propiciavam o almejado desenvolvi-
mento que o país exigia.
Conduzido por Fontes Pereira de Melo, o Partido Regenerador ence-
tou uma política,vulgarmente designada por «fontismo»,que repre-
sentava uma firme intenção de modernizar e colocar Portugal a par
dos demais países europeus.
Destemodo,começarama emergir as infra-estruturas de obras públi-
cas, transportes e comunicações vitais ao desenvolvimento do comér-
cio, da indústria e da agricultura que mostravam, ainda, caracterís-
ticas do Antigo Regime.
Como antes se referiu, de acordo com os princípios liberais, todos
estes sectores deveriam sofrer o mínimo com a intervenção do Esta-
do,pelo que o esforço realizado foi coroado de êxito,apesar de ter pro-
vocado alguma perturbação nas finanças públicas, arma que viria a
ser utilizada pelos aversários políticos de Fontes.
No princípio da década de 1850,mais precisamente em 1852, voltou a
pensar-se ligar as duas primeiras cidades portuguesas por um trans-
porte diário em diligências. Todos os esforços empreendidos nesse
sentido não obtiveramqualquer resultado prático,já que as estradas
se mantinham nas péssimas condições de cinquenta anos antes,
quando da suspensão do serviço da Mala-Posta.
Seria necessário aguardar pelo ano de 1854 para se verem os primei-
ros resultados da política de construção de novas estradas e pontes
introduzida por Fontes Pereira de Melo e assistir-se, então, à reaber-
tura da Mala-Posta.
Neste período, a Mala-Posta iria afirmar-se como um grande
Arca da Mala-Posta do Alentejo, posterior a 1854.