Página 7 - Códice nº1, ano 2004

Estrada Lisboa/Coimbra
Seria, contudo, somente nos finais do Séc.
XVIII, que se encarava, a sério, a possibili-
dade de unir,por via terrestre,as cidades de
LisboaePorto,através deumaestrada cons-
truída segundo as técnicasmaismodernas.
Os trabalhos de levantamento no terreno
foram iniciados em 1787 e,quatro anosmais
tarde, sob a responsabilidade do Conse-
lheiro Diogo de Mascarenhas Neto, arran-
cavam as obras de construção.
Porém,esta estrada que se pretendia levar
até ao Porto viria, numa primeira fase, a
chegar apenas a Coimbra, sendo necessá-
rio aguardar pelos inícios da segundameta-
de do Séc. XIX para se atingir aquela cida-
de do Norte do país.
Mascarenhas Neto, que mais tarde viria a
assumir o cargo de Superintendente Geral do Correio e Postas do
Reino, onde se veio a revelar como umgrande estratega dos Serviços
Postais, desempenhou esta importante missão de construção da
estrada Lisboa/Coimbra com zelo e profissionalismo.
Aliás, testemunho deste facto, foi o curioso estudo sobre o método
de construção de estradas que nos deixou, onde denota um espírito
altamente organizado e preocupado com uma correcta gestão dos
recursos materiais e humanos a utilizar.
As Políticas de Meados do Século
A instabilidade política verificada durante a primeirametade do sécu-
lo XIX teve os seus efeitos negativos sobre o ténue esboço de desen-
volvimentoda rede viáriaquea todoo custo
parecia começar a tomar forma.
Emboa verdade,o enorme lapso de tempo
que se situa entre 1807 e os fins da década
de quarenta foi marcado por uma pertur-
bação política e social causada, inicial-
mente, pelas invasões napoleónicas e,
depois,pelas lutas fratricidas entre liberais
e absolutistas,antes e após a instauração
do regime liberal, em 1820.
Mesmoassim,duranteo consuladodeCosta
Cabral (1842/46) tentou-se ultrapassar o
triste panorama da rede viária nacional.
Uma política de desenvolvimento das vias
de comunicação foi desenhada, contem-
plando a construção de novas estradas,
segundo a técnica de Mac Adam, que tão
bons resultados parecia estar a trazer nos
demais países da Europa. Mas, uma vez mais, todos estes projectos
tiveramde ser adiados,faceà crisepolítico-social despoletadaemMaio
de 1846.
Seria, então, durante a segunda metade do século, que se assistiria
a um enorme salto qualitativo em termos de política das comunica-
ções. Conduzida pelo ministro Fontes Pereira de Melo, esta política
conhecida por Fontismo representava a vontade de modernizar e
colocar Portugal a par dos outros países da Europa.
Assim, começavam a emergir as infra-estruturas de transportes e
comunicações, tão fundamentais ao desenvolvimento do comércio,
da indústria e da agricultura que,de acordo comos princípios liberais,
deveriam sofrer o mínimo com a intervenção do Estado.
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Navegação fluvial até aos finais da 1º metade do séc XIX, segundo Teodoro de Matos.
Conselheiro Diogo Mascarenhas Neto.
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